Casa da Ópera 250 anos – Palco do pioneirismo da MultiCultural Produções Artísticas

Ouro Preto – Comemorar 250 anos é um mérito para poucas instituições brasileiras, ainda mais para um equipamento cultural como a “Casa da Ópera”. Digno de mérito e reconhecimento no livro dos recordes, “Guinness Book”, sendo reconhecido o teatro mais antigo das Américas em funcionamento. 

Em 2004 as paixões políticas estavam exacerbadas, os embates era constantes da oposição contra a então prefeito Marisa Xavier. Mas antes das eleições daquele ano, havia um festival de inverno a ser realizado. Com a partida da UFMG para a cidade de Diamantina, a prefeitura se viu obrigada a realizar a atividade sem o apoio da instituição.

A demanda da prefeitura foi de encontro ao sonho dos estudantes da Ufop, que já haviam fundado a MultiCultural Produções Artísticas, empresa júnior de e Artes Cênicas e Música da Ufop e teve no festival de inverno a oportunidade de mostrar seu trabalho. Naquele ano se homenageava os 80 anos da visita dos modernistas à Ouro Preto.  A confederação das empresas juniores “Brasil Júnior”, confirmou que a MultiCultural foi a primeira empresa júnior no setor de artes do país.

Como produto para o festival de inverno, a MultiCultural lançou a “Trupe dos Modernistas” espetáculo de rua que encantou turistas e ouro-pretanos, sendo o carro-chefe da programação universitária no festival. A atração se popularizou com as diversas chamadas ao vivo nos telejornais da Globo. 

E a Casa da Ópera nesta história? Ela foi palco de 8 espetáculos montados pelos alunos e produzidos pela MultiCultural. Confira os títulos e as datas das peças “Na loja de Chapéus”,  (9/07), “ O Baú da Vovó” e a Orquestra de Violões do Deart (10/07), “Conversa de Corpo” (11/07), “ O despertar da Primavera” (13/07), “O Palhaço Nu” (17/07), “Alguns Pecados Capitais” (20/07) e “Esperando Godot” (27/07). O Palco também teve a presença da Viola de Folia (15/07), “Acredite um espírito Baixou em Mim” (22/07), “IN-Digestão” da Oficcina Multimédia (23/07). Fechando a programação do palco no festival, a companhia ouro-pretana, As Medéias, apresentou a peça “O Avarento” (31/07).

Espetáculo infantil “O Baú da Vovó”, apresentado no sábado 10/07/2004

Para muitos dos estudantes que preencheram a grade de programação da Casa da Ópera no 36º Festival de Inverno de Ouro Preto, um sonho era realizado, muito vieram em busca do sonho de ser artistas e mesmo ainda em formação já atuavam  na cidade natal de Antônio Francisco Lisboa, “O Aleijadinho”, Patrono da Arte no Brasil, de acordo com a lei nº 5.984, de 12 de dezembro de 1973.


Esse episódio dos estudantes e a casa da Ópera ainda tem um personagem que precisa ser revelado, afinal na técnica estava Vicente Gomes, que com sua alma de artista compreendia e auxiliava os estudantes em todas as necessidades técnicas.

A MultiCultural aprendeu e cresceu com o 36º Festival de Inverno de Ouro Preto, sendo a empresa júnior mantida pela Pro-Reitoria de Extensão da Ufop na produção da programação do evento na edição de 2005, quando Universidade Federal de Ouro Preto assumiu a realização do evento a convite do então prefeito Angelo Oswaldo.
Este ano não haverá Festival de Inverno, será realizada a “Mostra Multi”, uma coincidência que despertará no público a lembrança positiva de um grupo de estudantes que um dia percebeu que estudavam Artes Cênicas e Música, na cidade que detém o teatro mais antigo de todas as Américas em pleno funcionamento. 
Parabéns a todos os artistas que em 250 anos honraram esse palco.

Por Marcelino de Castro
Foto destaque: Arquivo da programação


Sobre a Casa da Ópera de Ouro Preto


A Casa da Ópera de Vila Rica foi construída pelo português João de Souza Lisboa, com apoio do conde de Valadares, governador da Capitania, e de seu secretário, o poeta inconfidente Cláudio Manoel da Costa. Situada próximo à Igreja do Carmo, foi inaugurada no dia 6 de junho de 1770, na comemoração do aniversário do Rei Dom José I. Foi espaço de espetáculos para a elite local e palco para atos políticos como o de Rui Barbosa na Campanha Civilista no início de 1900. Ali, pela primeira vez no Brasil, atrizes negras se apresentaram, no século XVIII. Ao longo dos tempos, a edificação, construída em formato de lira e considerada o mais antigo teatro em funcionamento das Américas, sofreu várias alterações, sua decoração foi atualizada em 1851, mas, a estrutura física foi mantida. Em 1983, durante uma reforma, foram descobertas pinturas antigas de autoria desconhecida, supostamente realizadas entre 1854 e 1862, representando a Comédia e o Drama. Em 2006, com apoio do IPHAN e do Programa Monumenta, do Ministério da Cultura, o edifício foi restaurado e passou a contar com um anexo para atender às necessidades do público e das produções artísticas. Em 2014, vítima do descaso, com problemas estruturais e de segurança, a Casa da Ópera de Ouro Preto foi obrigada a fechar novamente suas portas. Só foi reaberta em janeiro de  2017, quando a atual gestão municipal assumiu plenamente sua missão de zelar pelo valioso monumento.
Fonte: site da Prefeitura de Ouro Preto

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