[Coluna] O misterioso caso do lobisonça de São Bartolomeu

Essas nossas matas estão cheias de assombrações e coisas que ninguém explica. Minha sobrinha, marido e filhos foram dar uma volta num terreno deles, em São Bartolomeu. Lá, encontraram enormes pegadas que ninguém sabia do que era. Para eles, parecia pegada de onça. Ou de lobo guará. Acharam que era uma onça, fizeram fotos para assustar os amigos com a novidade.

Só que, quando me mostraram as fotos, vi as marcas de unhas, coisa que pegada de onça não tem. Como todos os bichos da família dos gatos, a onça tem aquelas unhas retráteis, que só aparecem num ataque direto. Já viu como os gatos andam com as unhas recolhidas? Onça também é assim. E nem seria novidade aparecer onça por aquelas bandas. Quando menina, conheci “Seu” Artur, caçador de onça comedora de vaca, pái do meu amigo João do ponto de táxi, em frente ao cinema. Ele tinha uma longa lança, com que ele aparava qualquer onça de lhe pulasse em cima, do alto de uma árvore. Esse tempo passou, nem se fala em matar onça, imagine.

Então, definitivamente, a grande pegada não era de onça. Podia ser um cachorro grandão, do tipo boiadeiro. Ou de um lobo guará que esse não seria tão raro. Ou de um reles lobisomem, que muita gente jura que existe.

Eu tenho para mim que é ainda mais misterioso que isso. Só pode ser um raríssimo lobisonça e é bom ter cuidado, pois é bicho do coisa ruim, acompanhante do capeta. Ande com todos os amuletos possíveis e, se encontrar a fera, corra. Mas, antes, tire uma foto e me mande. 

Nunca vi um lobizonça, com direito a carteirinha de identidade, ora, ora. Mas se encontrar só um lobisomem comum, também serve. Mula sem cabeça, cobra de fogo, caboclo dágua. Podem mandar vídeos. Mas antes me contem uma coisa – como anda a forma física? Dá para correr?

(Originalmente publicado, parcialmente, na página “Ouro Preto, Memória e Arte”, no facebook)

Por: Kátia Maria Nunes Campos


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