Ouro Preto – O artista Tunico dos Telhados faleceu neste domingo, 17/03, o velório segue até às 16h na Capela Velório. O sepultamento na Igreja N.Sra das Mercês e Perdões. Confira a seguir a entrevista realizada pelo jornalista Sylvio Neto, realizada em 13 de julho de 2023.
ENTREVISTA TUNICO DOS TELHADOS
Por Sylvio Neto
Que incrível ter a oportunidade de conversar com o renomado artista plástico Antônio Marcos de Paula, 71 , mais conhecido como Tunico dos Telhados! Sua trajetória na arte autodidata é admirável, e suas exposições em locais renomados, como a Pinacoteca do Estado de São Paulo e o Palácio das Artes, certamente contribuíram para sua reputação.
A exposição “65 anos de Tunico dos Telhados” na Casa dos Contos foi uma oportunidade única para os admiradores de sua arte explorarem sua evolução ao longo das décadas. A Galeria da FIEMG e o GLTA em Ouro Preto também são lugares notáveis que tiveram suas obras exibidas .
1 – Então Tunico, como que nasce o Tunico dos Telhados?
Essa história dos telhados é uma história muito longa . Ela nasce quando eu vou pra São Paulo. Porque quando eu fui para a terra da garoa eu já era artista. Eu já nasci artista. Então quando eu fui com a minha identidade barroca, dos casarios, da cidade e estava um dia passeando assim na rua, pois eu estava até meio triste assim, eu vi um encontrei num sebo um livro de Cecília Meireles, que é o Romanceiro da Inconfidência,com os telhados muito bonito. A partir desses telhados eu passei a fazer os trabalhos de telhados né. Lá em São Paulo. Aí mais tarde eu voltei para Ouro Preto para desenvolver mais o trabalho dos telhados e cada vez que passa eu me interesso mais por esse tipo de trabalho, que é uma história muito longa .
2- Você acha que você alcançou os seus objetivos e começou a ficar conhecido ?
Eu quando comecei a fazer os telhados, porque me emocionei com os telhado de Ouro Preto e mas eu nunca pensei assim que eu ia ficar assim conhecido por causa dos telhado não mas agora realmente é verdade é “Tunico dos telhados pra lá , é Tunico dos telhados para lá .
3- Esse nome seu ele está , o você registrou ?
O nome é Tunico dos telhados porque faz jus o que eu faço que é os telhados se aparecer outro Tonico dos telhado também fazendo os telhados bonito igual o meu ou melhor. ficarei muito feliz. Este apelido é importante porque as pessoas gostam do trabalho que faz sucesso e vai fazer pra sempre.
4 -Qual quadro você mais gosta?
Eu gosto de tudo, porque quando eu não gosto eu desmancho o quadro. Não dou pros outros nem coisa nenhuma. Desmancho. Então todos os quatro que eu tenho aqui eu gosto. Mas eu gosto mais quando os vendo, que aí eu ponho o dinheiro do bolso, posso comprar mais tinta , mais tela , posso me alimentar melhor. Eu ico muito feliz quando eu os vendo. É lógico.
5- Você acha que todo artista tem suas referências?
Olha é a referência é uma coisa , que você pessa ah vou ser isso . Você vai trabalhando e através desse trabalho e de sua seriedade , você vai criando uma identidade, uma referência. É que são resultado de anos e anos de luta.
.
6 -Como Ouro Preto é a terra do Aleijadinho , pode-se dizer que existe uma influência barroca na sua arte?
Sem dúvida eu sou totalmente aleijadinho. Ele é meu grande mestre por sinal meu xará Antônio, certo. Eu sou Antônio, ele também é Antônio, Tonico, nós dois, Tonico. E a influência assim do aleijadinho um grande mestre que nos deixou a obra maravilhosa que continua encantando e vai encantar por muitos e muitos anos o mundo todo.
7 -Você tem algum parentesco com o Aleijadinho, pois você falou muito sobre ele ?
Olha, eu acredito que eu venha a ter sim, um parentesco com aleijadinho lá pro lado de Piranga. Está a família dele. Certo? Pro lado de Piranga. Eu acredito que eu venha ter realmente parentesco com ele, mas eu tenho uma leve impressão realmente que eu seja parente dele tranquilamente.
8 -Queria que você deixasse uma mensagem para os artistas negros que estão surgindo no momento.
Realmente é muito difícil para um artista. negro então piorou . Meu pai mesmo falar comigo: “Olha é difícil você viver de arte e tal ” Mas você tem que fazer uma coisa. Se você tem propósito de tal coisa na sua vida que a gente vem aqui pra fazer algo., faça sem medo de dar errado. Certo? E quanto mais der errado mais você tenta fazer de novo. Você tem que fazer pensando em dar certo e não em dar errado. A arte é como pular de um trampolim . Você tem que pular do lado certo. Você tem que pular. Se cair do lado certo ou do lado errado, você vai ter que pular. Tem que ter dedicação, não é brincadeira não a vida do artista. É. Por quê? O artista quando ele não tá fazendo nada. Ele está pensando no que ele irá fazer não tem dia santo e nem feriado . Eu sonho com a arte.
9- Você já fez alguma exposição fora ou dentro de Ouro Preto ? E pretende fazer mais alguma fora da cidade ou até mesmo aqui?
Pois quando eu morei em São Paulo eu fiz várias exposições por lá. Fiz apresentações na Pinacoteca do Estado de São Paulo . Aqui em Minas no Palácio das Artes e na Fundação de Arte de Ouro Preto (FAOP) , no Grêmio Literário Tristão de Ataíde GLTA e na Galeria da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (FIEMG). Em 2017, fiz uma exposição chamada “65 anos de Tunico dos Telhados” Além disso, também tive obras que foram expostas na galeria de “O Passo Pizza Jazz” em Ouro Preto. Agora estou esperando a lei Rouanet pra liberar verba e pretendo fazer uma exposição no Centro Cultural Afro no Ibirapuera em São Paulo .E aqui em Ouro Preto eu pretendo fazer uma na Casa dos Contos
10 -Você acha que esse seu cabelo rasta cativa mais a quem está vendo sua obra?
É realmente é porque ainda é uma coisa assim né diferente o pessoal te olha assim né fala oh! Eu realmente já sofri até preconceitos enormes por ter o cabelo rastafari. Eu comecei com o cabelo rastafári, eu tinha 20 anos por aí. Nesse período era uma era período da ditadura lá em São Paulo eu tomei duras e mais duras por causa do cabelo rastafári, certo? A pressão foi tão grande que eu tive que cortar o meu cabelo certo? Tive de segurar a onda certo? E eu cortei uma vez, e a primeira vez que eu cortei meu cabelo eu parecia que eu fiquei sem cabeça, fiquei leve. É, e realmente virou minha marca como os telhados.
Por Sylvio Neto entrevista e fotos
