Ouro Preto – A reunião da Câmara de vereadores nesta terça-feira, 26/12, teve clima quente, com idas e vindas, reviravoltas para o governo, que teve até tempo de tribuna para defesa do projeto de lei em votação, que dispõe sobre reformas em casas. Júlio Gori dominou a cena retirando praticamente todos os projetos do governo da pauta, como já havia pedido vistas no projeto 623/2023, anunciou seu voto contra. O projeto foi aprovado por 12 votos favoráveis e 2 contrários, o presidente só vota em caso de empate. Serão R$ 758 milhões, deste valor R$ 12 milhões estão na ficha do SAMAE, responsável pela gestão do contrato com a Saneouro.
Após a votação do orçamento o clima esquentou, Júlio Gori pediu vistas a todos os projetos de autoria do prefeito, Angelo Oswaldo, como o que destina a antiga fábrica de tecidos à Fundação Gorceix por 50 anos e ao projeto que destina recursos para reformas de casas através de associação. Ele também chegou a pedir vistas ao projeto que anistia devedores do TBO (Taxa Básica Operacional), ao Semae, mas voltou atrás e retirou as vistas. O projeto não foi votado, pois Renato Zoroastro questionou a fonte de recursos indicada pelo governo, o IPTU, para suprir os recursos da remissão do TBO, o que segundo ele pode atrapalhar os recursos do Fundeb. Naércio França acompanhou seu pedido.
A reunião começou tranquila, com a discussão da indicação do vereador Luiz Gonzaga do Morro, que pede o conserto do alambrado do campo do bairro. A indicação foi aprovada com 11 votos. Em seguida entrou em discussão a indicação de contratação de técnica de enfermagem para o distrito de São Bartolomeu, indicação de Júlio Gori, que ao defender a pauta, chamou o secretário de Governo, Yuri Assunção de “futuro vice-prefeito”. Júlio Gori disse que essa indicação foi realizada em 2021, 2022 e que no distrito tem duas técnicas que vão trabalhar em Itabirito. “elas vão trabalhar todo dia em Itabirito, e São Bartolomeu que poderia ter a prata da casa, Ouro da Casa né? fica desassistida”, lamentou Júlio e disparou.
“O que mais dói dentro de mim é isso, eus sou oposição, mas faço pedidos coerentes, não é nada mirabolante, nada fora do contexto, então vejo outros vereadores pedindo técnicos de enfermagem em seus distritos, e vejo como é difícil.” ele citou que em vários distritos técnicos de enfermagem deixam suas localidades para trabalharem em cidades vizinhas como Ouro Branco, no caso de Santa Rita, Mariana e Antônio Pereira e são Bartolomeu e Itabirito.
Júlio Gori pediu ao secretário de governo, a quem se referiu como alto escalão do PT de Ouro Preto, para que interceda junto ao secretário de Saúde para a contratação desses profissionais pelo município de Ouro Preto. Aprovado por 10 votos.
Em seguida foram colocados em votação os projetos do executivo. O primeiro foi o projeto de Lei Complementar 98/2023 que cria o Creas, vinculado à secretaria Municipal de Desenvolvimento Social, quando o vereador Vantuir Silva, pediu ao presidente que consultasse o colégio de líderes para que as votações fossem em regime de única discussão e redação final. O que foi questionado pelo vereador Luciano Barbosa, “Meu Deus do céu, não tem necessidade não, mas toca a bola”. O projeto foi aprovado por 13 votos.
Já haviam 42 minutos de reunião quando entrou em votação o parecer da Comissão de Justiça e Legislação contrário às emendas do vereador Júlio Gori, que reclamou dos colegas que as rejeitaram, pois para ele essa atitude deveria ser do prefeito vetando, e não da comissão rejeitando. Júlio explicou que já teve emendas aprovadas, segundo ele o secretário de Fazenda teria orientado os colegas a não aprovarem as emendas, o que irritou o vereador.

“Ah Sô Gever, vou ficar na sua cola em 2024, senhor Gever. Eu vou está ai, presente, olhando esses contratos do senhor, esses gestores dos contratos Sr. Gever… O vereador pode fazer isso, é atribuição nossa, mas quem tinha que vetar era quem? Era o senhor pinóquio, mas o covarde não teve coragem, mandou seus cupinchas entrar aqui, um absurdo, vocês podem derrubar minhas emendas, mas não vão derrubar meu trabalho, o que eu faço, o que eu tenho lutado esses anos e vou continuar”, esbravejou Júlio Gori.
Luciano Barbosa, Kuruzu, Renato Zoroastro, Mercinho e Júlio Gori votam contra o parecer da Comissão de Legislação Justiça e Redação às emendas apresentadas ao projeto de Lei 623/2023. E o placar ficou 8 votos a favor do parecer e 5 contra.
Imediatamente foi colocado em discussão o projeto de Lei Orçamentária Anual nº 623/2023, que fixa despesas do Município no valor de R$ 758 milhões. O vereador Júlio Gori se colocou contrário, e em seguida o projeto foi colocado em votação, quando os vereadores Luciano Barbosa e Júlio Gori se manifestaram contrários. Quando o presidente já estava contando os votos, o vereador Kuruzu se manifestou que desejaria pedir vistas ao projeto. O presidente Zé do Binga, não voltou atrás e o projeto ficou aprovado por 12 votos favoráveis, inclusive o voto de Kuruzu e 2 contrários.
Se o clima da reunião já estava agitado, deste momento em diante… Os embates foram ampliados. Diante dos pedidos de vista e a possibilidade de ser obrigado a convocar uma reunião extraordinária, o presidente Zé do Binga pediu para que a reunião fosse encerrada, pois com a aprovação do orçamento a casa entra em recesso legislativo. Já haviam decorrido 3 horas de reunião, Júlio Gori votou contra o encerramento pois desejava utilizar a fala de orador. “A reunião hoje tá mais gostosa, queria continuar, tô muito triste, 19h16, parar uma reunião gostosa dessa, prazerosa”.
Como último embate do dia, Matheus Pacheco perguntou ao Júlio Gori qual sabor tem a reunião e de imediato ele respondeu que “tem gosto de Justiça Social, Matheus. Gosto de defender a população nos meus votos. Gosto de lutar do jeito que meu caráter manda, entendeu é o gosto que eu sinto, eu adoro tá aqui”.
Saiba mais- Procuramos a Secretaria da Câmara para saber se haverá reunião extraordinária, mas ainda não há definição neste sentido.
Por Marcelino de Castro
Da redação

Imagens reprodução da transmissão da reunião