Ouro Preto – Na segunda-feira, dia 18 de outubro, uma forte tempestade causou estragos em Cachoeira do Campo, Amarantina e Santo Antônio do Leite. Famílias ficaram desabrigadas e uma ampla rede solidária foi formada para ajudar as vítimas da inundação. Porém, poucos notaram a mobilização que ocorreu para ajudar os animais atingidos. Normalmente, estes são quase sempre esquecidos em momentos de emergência.

Dessa vez, as entidades regionais que atuam na proteção dos bichos, IDDA (Instituto de Defesa dos Direitos dos Animais), AOPA (Associação Ouro-pretana de Proteção Animal) e Protetores Independentes, puderam contar com um reforço bastante especial. Participaram das operações os profissionais do GRAD Brasil, Grupo de Resgate de Animais em Desastres, o mesmo grupo que atuou no rompimento de barragem de rejeitos       de Mariana, em 2015, da barragem de Brumadinho, em 2019, nos incêndios florestais do Pantanal, em 2020, e em várias outros desastres que aconteceram em território nacional.

O GRAD Brasil uma equipe técnica voluntária altamente qualificada para atuar em situações extremas. São médicos veterinários, biólogos, bombeiros civis, oceanógrafos e vários outros especialistas de várias partes do país, todos capacitados para atuar e promover ajuda aos animais em desastres.

O veterinário Enderson Barreto foi um dos profissionais do GRAD que participou das operações no distrito de Amarantina. Ele explica que é impossível não atentar para a causa animal, principalmente em casos de emergência: “Temos um conceito de saúde única no qual saúde humana, meio ambiente e saúde animal precisam estar em íntimo equilíbrio, e quando um destes está em desequilíbrio, todo o resto tende a desequilibrar também”. Ele conta que, para integrar a equipe do GRAD, é preciso passar por um processo seletivo e, em seguida, por um treinamento preparatório para atuar de forma organizada, coordenada e técnica. A entidade não conta com recursos governamentais e é mantida graças aos esforços dos voluntários e às doações que recebe.

O GRAD Brasil pode ser acionado sempre que há uma situação de perigo, como esta que ocorreu em Ouro Preto. O chamado pode ser feito pelos órgãos oficiais, como Corpo de Bombeiro e Defesa Civil, entidades protetoras ou mesmo por pessoas comuns que identificam a emergência.

Solidariedade também com os animais

As entidades protetoras dos animais que desenvolvem suas ações em Ouro Preto e Mariana estão realizando uma campanha de arrecadação de alimentos, vermífugos, produtos de limpeza para cães e gatos e até ração para galinhas. As doações serão encaminhadas aos animais atingidos pelas chuvas nos distritos de Cachoeira do Campo, Amarantina e Santo Antônio do Leite. Nesses lugares, algumas famílias também perderam seus bichinhos e outras estão sem condições de mantê-los. Participar dessa ação é uma forma de contribuir também para a saúde pública, pois evita que os animais sejam abandonados e que a população de rua cresça na região, provocando surtos de doenças que atingem as pessoas também. A campanha “Os animais pedem ajuda” é uma iniciativa das organizações IDDA, AOPA, Protetores Independentes e do GRAD Brasil.

Luciana Salles, presidente do Instituto de Defesa dos Direitos dos Animais, IDDA – Ouro Preto e Mariana, que acompanhou de perto o desastre, expressou o seu apelo: “essa arrecadação de doações é muito valiosa porque as famílias que têm animais já perderam muita coisa, e agora, precisam de ajuda também para mantê-los. Em momentos como esse, é importante contar com a participação solidária de todos”.

As doações podem ser encaminhadas ao Mundo Encãotado, que está apoiando a iniciativa (Rua Inconfidentes, 229 / Barra Ouro Preto, MG).

Victor Stutz, para o Diário de Ouro Preto
Créditos/foto: GRAD Brasil