Ouro Preto continua sem rede de alta pressão 20 anos após o incêndio do Hotel do Pilão

Ouro Preto – A cidade conta hoje com 4 hidrantes no centro histórico em operação, apesar de terem pressão e vazão suficientes para o combate, a rede é abastecida por gravidade do reservatório da Marambaia. Em alguns pontos os hidrantes estão inoperantes, como na rodoviária e Escola de Farmácia.
A Carta de Hidrantes da 2ª Companhia Operacional do Corpo de Bombeiros aponta com vazão satisfatória e que um dos hidrantes da praça Tiradentes conta com a reserva técnica do próprio prédio do antigo hotel Pilão.


Segundo Major Toledo, Subcomandante do 1º Batalhão do Corpo de Bombeiros de Minas Gerais a situação dos hidrantes na cidade é essencial para o combate, para ele se a cidade tivesse água em vazão e pressão suficientes o fogo não teria consumido o imóvel, como foi em 2003.
Toledo ressalta que a pauta da instalação de hidrante não é só da Corporação, “Sociedade também tem que discutir essa pauta, tem que ser a Câmara, Ministério Público, tem que ser a sociedade inteira, o incêndio é um problema da cidade”, concluiu.

O Tenente Valadares participou do combate ao incêndio do Hotel Pilão em 2003


De acordo com o Tenente BM, Willian Valadares a cidade conta com 15 hidrantes, sendo 14 na sede e um em Cachoeira do Campo na Rodoviária. Dos 14 da sede, metade está com boa vazão e boa pressão apto para o combate, os demais requerem uma manutenção na rede e na disponibilidade de água.
Na praça Tiradentes tem dois hidrantes, um em frente ao CAEM, que é abastecido pela rede pública e o outro em frente ao prédio do antigo Hotel do Pilão, o qual conta com sistema automatizado e pressurizado, com reserva técnica para utilização em caso de incêndio. “Se nós tivermos que utilizar o sistema libera água para o combate”. Para atender a praça também podem ser utilizados os hidrantes da rua Camilo de Brito, descida para rua dos paulistas e do própria Companhia. Em frente a pousada Vila Rica, na rua Carlos Tomás também há um hidrante operante.


Os hidrantes da Escola de Farmácia, na rua Costa Sena, o da rodoviária (único hidrante de coluna da cidade), e o da rua Camilo de Brito, próximo ao muro da Escola de Minas, eram abastecidos na época, pelo reservatório do Veloso, hoje se encontram inoperantes.
O Tenente Valadares que esteve no combate do incêndio do Pilão, explicou que posteriormente ao sinistro se cogitou a instalação de 66 hidrantes em pontos estratégicos da cidade, estendendo inclusive aos bairros da cidade.


Valadares informou que o hidrante mais próximo da Matriz Santuário de Nossa Senhora da Conceição está próximo do muro da igreja de São Francisco de Assis, “é um hidratante que pode ser utilizado para abastecer as nossas viaturas.” Próximo à basílica do Pilar, o hidratante fica perto da Escola Estadual Dom Veloso, na rua Dr. Orlando Ramos é operante e recebe água do reservatório da Vila São José.
Segundo o Tenente, próximo a entrada do Grande Hotel, na rua das flores com praça Reinaldo Alves de Brito, há um hidrante de reserva técnica, com água do Hotel. No adro do Rosário tem um hidrante abastecido pela rede pública, próximo a ele existe outro na rua Henrique Adeodato, no passeio do hotel Solar do Rosário que também é de uma reserva técnica do hotel.
No Centro de Convenções tem dois hidrantes um do lado de fora, no passeio abastecido com reserva técnica da Escola de Farmácia. O outro está dentro do imóvel e a UFOP disponibilizou à corporação para a utilização caso haja necessidade.


Outro lado

Questionamos o Ministério Público, mas até o encerramento da edição não tivemos retorno.
A Prefeitura informou que a rede de hidrantes do município é de responsabilidade da concessionária de água, a Saneouro.


Incêndio do Pilão: Alerta para a preservação do patrimônio histórico

Ouro Preto – A Cidade Patrimônio da Humanidade, jóia do Barroco, maior conjunto arquitetônico barroco do mundo, cidade imperial, todos os títulos que já recebeu Villa Rica d’Ouro Preto e os impostos que cobraram dela e depois em nome dela, como exemplo a taxa de incêndio, ainda assim não garantiram à cidade uma rede de alta pressão, para que combata tempestivamente ocorrência de incêndio no centro histórico.
No dia 14 de abril de 2003, o relógio do Museu soava às 6 badaladas, as chamas já eram vistas da janela e os bombeiros tentavam debelar o fogo. Assim começou um dos episódios da história de Ouro Preto, cenas que deixaram a praça mutilada, com as ruínas fumegando por muitos e muitos dias, mesmo depois do rescaldo dos escombros.
Vinte anos depois voltamos ao tema, e descobrimos que a cidade não tem sistema de alta pressão. O dia 14 de abril reuniu na praça Tiradentes uma multidão atordoada e incrédula na altura das labaredas, enquanto se esperava que chegasse o socorro do caminhão Pipa vindo de Mariana, com o prefeito Celso Cota na boleia, foi aclamado como um rei, mas ainda era água em quantidade insuficiente.
Naquele 14 de abril, o Brasil parou para ver Ouro Preto em uma cena triste, a praça com as luzes cortadas, iluminada apenas com a labareda que estava uns 20 metros acima do topo da estátua de Tiradentes. No dia seguinte todos os jornais traziam na capa o fato. Mas em Ouro Preto, o incêndio não foi capa do jornal. A cidade não tinha um jornal de circulação diária. Naquele dia nascia o Diário de Ouro Preto, que teve seu projeto implantado no dia 8 de julho de 2004.
Reportagem Marcelino de Castro


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