Amanhã, quarta-feira, 2 de fevereiro, às 14h00, será realizada nova audiência pública para tratar de assuntos de interesse da população do distrito de Antônio Pereira. Trata-se de uma tentativa de conciliação com a VALE na solução dos conflitos que envolvem as remoções de famílias e a segurança das obras de descaracterização da Barragem Doutor, da Mina Timbopeba, em Ouro Preto. A audiência ocorrerá no Centro Judiciário de Solução de Conflitos e Cidadania, em Belo Horizonte, no prédio do TJMG, na avenida Afonso Pena.
Além da reparação pelos danos ambientais causados pelas obras executadas pela Vale, os moradores de Antônio Pereira cobram informações independentes e confiáveis sobre a segurança da Barragem Doutor e sobre os impactos das intervenções no território. Para isso, querem a imediata implementação de uma assessoria técnica independente no território. Cobram também a retirada de todas as famílias moradoras do entorno da barragem, maior investimento na estrutura de saúde do distrito, e reconhecimento dos garimpeiros atingidos que estão sem fonte de renda devido a interdição da área de garimpo pela mineradora. Na reunião conciliatória, um auxílio-emergencial aos atingidos também deverá ser discutido.
Lideranças locais garantem que a estratégia da Vale é criar formas para extinguir o processo, mas os moradores, que não abrem mão da assessoria técnica independente para que laudos técnicos confiáveis possam ser emitidos, vão continuar cobrando informações sobre a segurança da barragem, sobre a qualidade da água e do ar e sobre os danos que o tráfego pesado de caminhões está provocando em suas casas. Uma moradora local garante que “a Vale não está fazendo nada além de emitir uns panfletos com informações mentirosas enquanto a gente continua aterrorizado, com medo de perder nossas vidas na lama. Vivemos hoje em um canteiro de obras, respirando poeira dos caminhões pesados que estão rachando nossos imóveis e precisamos da assessoria independente para emitir nossa matriz de danos reais”.
Em uma reunião virtual que ocorreu na semana passada entre representantes do Ministério Público e da comunidade, os próprios promotores do MPMG já adiantaram que há uma certa má vontade por parte da Vale no atendimento de qualquer reivindicação. O encontro ocorreu na plataforma Teams no dia 27, quinta feira, e não foi difícil perceber nos participantes um certo pessimismo sobre as expectativas de acordo junto à Vale.
Victor Stutz, para o Diário de Ouro Preto