Victor Stutz, para o Diário de Ouro Preto
Por décadas, no dia 8 de março, comemora-se em vários cantos do mundo o que chamamos de “Dia Internacional das Mulheres”. Na verdade, este é mesmo o “Dia Internacional da Não-Violência Contra a Mulher”, instituído pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 1999, inspirado na trajetória de três irmãs da República Dominicana, Pátria, Minerva e Maria Teresa, que lutaram contra o regime do ditador Rafael Trujillo e foram assassinadas em 8 de março de 1960.
De lá para cá, apesar de as mulheres poderem contabilizar várias conquistas, ainda são incontáveis os desafios que envolvem a construção de uma sociedade igualitária. E no Brasil essa estrada é bem mais longa do que imaginamos.
Apesar das lutas pela garantia de direitos, como os de votar, de se eleger ou exercer determinadas funções antes atribuídas apenas ao mundo masculino, a existência formal desses direitos ainda não assegura às mulheres uma justa participação nos espaços importantes da nossa sociedade. Para perceber essa desigualdade, basta observar a escassa presença feminina na política formal, contabilizar e comparar o número de mulheres com o número de homens em cargos de influência nas diversas esferas do poder.
Se considerarmos apenas a representação política das mulheres dentro das estruturas governamentais, há um estudo recente da ONU, a Organização das Nações, que demonstra muito bem essa realidade. Em 2019, foi registrado que 75% dos assentos em parlamentos pelo globo permaneciam nas mãos dos homens.
Em 2020, houve um aumento de 0,6% de legisladoras e, diante desse cenário, o progresso é considerado “tão lento que seria necessário meio século para se atingir a paridade no ritmo atual”. No relatório “Mulheres no Parlamento”, apenas Cuba e os Emirados Árabes Unidos possuem metade ou mais dos assentos ocupados por mulheres. O Haiti, sem mulheres na Casa Legislativa, aparece em último lugar do relatório. Já o Brasil ocupa o 142º lugar com 15,2% de mulheres no Congresso e 12,4% no Senado. O relatório também realça ainda que a Covid-19 agravou ainda mais esse quadro, já que o impacto da pandemia foi negativo e em alguns países pleitos foram adiados, e as dificuldades econômicas tornaram mais difíceis a escalada das mulheres nas carreiras profissionais almejadas.
COMO VAI OURO PRETO?
O Tribunal Superior Eleitoral divulgou em 2020 que mais de 900 cidades brasileiras começaram o novo mandato sem nenhuma vereadora eleita. Em Minas Gerais, foram 188 cidades que se enquadraram nesses dados. Em Ouro Preto, o cenário também deixou muito a desejar, pois, em 4 anos, não houve nenhum avanço nesse sentido. Ao contrário, o que ocorreu foi um retrocesso, considerando que, em 2012, duas mulheres conquistaram vagas no Legislativo e, nos dois pleitos que se seguiram, apenas uma das 15 cadeiras na Câmara Municipal foi conquistada por uma mulher. E se tomarmos como referência, também, o quadro atual do Executivo de Ouro Preto, somente três mulheres exercem o comando de Secretarias, enquanto 14 homens dominam as demais Pastas.
Felizmente, há aquelas que ousam desafiar a espúria e desastrosa “supremacia masculina”, por acreditarem que é possível a construção de uma sociedade mais justa. Nesse Dia Especial, destacamos no cenário local de Ouro Preto algumas dessas mulheres que se afirmam junto aos Plenos Poderes que, antes, eram outorgados somente aos homens. No exercício de suas funções, elas se tornam exemplos a serem seguidos por outras mulheres, para que a incoerente desigualdade existente no mundo seja, em um futuro bem próximo e mais feliz, seja, enfim, corrigida.
A todas elas, nós, do Diário de Ouro Preto, expressamos intensa admiração e enorme respeito.

Foto: Rede Social

Foto: Monique Torquetti

Foto: Rede Social

Foto: Assessoria da Vice-prefeita

Foto: Rede Social

Foto: Marcelino Castro
Foto destaque: Manifestação do coletivo MARIAS DE MINAS, formado por grupos de militância das mulheres trabalhadoras – Ouro Preto, 8 de março de 2022 (Foto: Marcelino Castro)