Representantes das casas de Candomblé de Ouro Preto se reuniram no dia 9 de julho com a Guarda Civil na Casa da Cultura em busca de assistência quanto aos casos de intolerância religiosa e racismo religioso. O encontro se deu por conta de reclamações que colocavam os terreiros em posição de “perturbadores”.
Estiveram presentes na roda de conversa Ogã Jeffersom da casa candomblecista Ilê Axé Ofá Logunedé, Tatà Gitalambô da casa Abassá Diá Gitalambô, o Comandante Marota da Guarda Municipal, o corregedor de Ouro Preto Adriano Sales e também de outras pessoas das casas candomblecistas.


As religiões de matriz africana passaram e passam por muitas dificuldades para se concretizarem e serem respeitadas em Ouro Preto, principalmente pela história da cidade: “Hoje temos Candomblés e praticantes de candomblés aqui mas que foram buscar fora daqui, em outras cidades e estados, justamente, como premissa, pelo fato de que nos séculos 18 e 19 o processo de escravagismo e de um forte controle por matrizes religiosas dominante no período colonial ter dificultado que, em Ouro Preto possa ter construído e reorganizado com mais efetividade práticas de origem bantu-nagô”, afirma Ogã Jeffersom.


O cenário, entretanto, passa por mudanças e os candomblecistas buscam o respeito por parte da sociedade ouro-pretana e de outras comunidades religiosas. Sobre isso, Ogã Jeffersom ressalta: “Na atualidade, parto também como premissa, que algumas casas por questões como direitos, tecnologias e melhores informações estão recebendo adeptos que não se calarão e exigirão que suas práticas sejam melhores respeitadas, sobretudo, por parte de crenças que nos veem como problemas.”


A roda de conversa com os representantes de segurança municipal busca maior assistência para os religiosos que sofrem com o preconceito e o racismo religioso. “A reunião foi também, além de um diálogo, mostramos que estamos aqui reivindicando respeito e também pra construir materiais informativos para que possamos melhorar o entendimento de outros sobre nossas práticas”, destaca Ogã Jeffersom.
Por Marcella Torres