Ouro Preto – Aconteceu na quinta-feira, 26 de maio, a primeira reunião presencial entre os novos gestores da ACTECH, empresa, do grupo Terrabel Empreendimentos que adquiriu a fábrica da Hindalco, em Saramenha, e representantes do Conselho Municipal de Desenvolvimento Ambiental de Ouro Preto, CODEMA, e da Federação das Associações de Moradores de Ouro Preto, FAMOP.
O encontro ocorreu dentro das instalações da fábrica, em Saramenha, e os principais assuntos relacionados à política institucional, meio ambiente e relacionamento foram tratados. Na opinião de Luiz Carlos Teixeira, os resultados do debate foram bastante positivos: “Nós colocamos na mesa todas as demandas da comunidade, principalmente aquelas dos moradores da Vila Operária. O diálogo foi propositivo e o empreendedor foi bastante direto, discutimos ações e não promessas em torno das dificuldades e das inquietações”. Para o presidente da FAMOP, “o dia foi proveitoso, avançamos em várias pautas tendo em vista que houve boa vontade de ambas as partes”. Luiz conta que já esteve na fábrica várias vezes, em outras oportunidades, mas “eram outros atores, e parece que esta nova direção está escrevendo uma nova página de relacionamento com a comunidade. Acredito que temos agora um vizinho que realmente vai ouvir a comunidade do entorno e vai resolver os problemas que afetam a qualidade de vida dos moradores”.
Pedro Lisboa, da Secretaria Municipal de Meio Ambiente e conselheiro do CODEMA, também afirmou que o encontro foi produtivo: “Saímos daqui com encaminhamentos importantes e salutares para o início dos trabalhos com a nova empresa, que demonstrou estar de portas abertas para os ouro-pretanos. A recepção foi calorosa e as demandas da comunidade trazidas pela FAMOP foram bem atendidas”. Segundo ele, o diálogo está em processo de amadurecimento das questões que envolvem a melhoria da qualidade ambiental do município: “É um primeiro passo, temos muito trabalho pela frente e a Secretaria de Meio Ambiente vai auxiliar nas demandas em prol de uma comunidade mais saudável”. Pedro destaca que “esse processo de abrir as portas e trazer o poder público e a comunidade para a mesa do diálogo é um ganho”.
O coordenador de Relações de Meio Ambiente e Sustentabilidade da ACTECH, Alexandre Mortimer Guimarães, garantiu que a empresa “quer ouvir os anseios, entender onde ela está inserida e retomar o diálogo transparente e honesto com a comunidade, principalmente com nossos vizinhos da Vila Operária”. Alexandre reforçou ainda que a ACTECH “quer operar com responsabilidade social e sustentabilidade dentro dos melhores princípios econômicos: “Esse é o nosso jeito de trabalhar, um jeito transparente, e esperamos alcançar, em um futuro bem próximo, os melhores índices de qualidade, segurança e, principalmente, socioambientais.”
No encerramento da reunião na fábrica, uma segunda rodada de conversas ficou acordada para acontecer em breve, porém, com a participação da comunidade. Este próximo encontro deverá ocorrer na Vila Operária, mas a data e demais informações sobre essa nova reunião ainda não foram definidas. O Diário de Ouro Preto continua acompanhando esse processo e, em breve, divulgaremos mais novidades sobre as tratativas.
FUMAÇA E LICENCIAMENTO AMBIENTAL
Dentre os principais assuntos tratados na reunião com a ACTECH, o encarregado pelos assuntos ambientais da empresa, Alexandre Guimarães, apresentou esclarecimentos sobre o incômodo causado pelo aumento da fumaça branca emitida pelas chaminés da usina, uma das principais queixas da vizinhança. Segundo ele, o transtorno foi provocado em razão de uma remessa de carvão de eucalipto, matéria-prima utilizada para o funcionamento dos fornos da usina. Segundo ele, o fornecedor contratado entregou uma carga inadequada do combustível. Ele explicou que, durante a pandemia, a crise afetou o mercado desse produto e alguns produtores passaram a realizar a extração precoce da madeira. Alexandre disse que foi o excesso de umidade contida no carvão que causou o aumento da fumaça despejada pelas torres, mas garante que providências foram tomadas e o fornecedor foi notificado para que isso não ocorra novamente, caso contrário, sofrerá consequências. Ele afirmou também que a ACTECH conta com cinco estações de monitoramento da poluição instaladas em locais estratégicos de Ouro Preto e, em todas elas, os índices indicam que a fábrica está operando com normalidade.
Sobre a renovação do licenciamento ambiental, ele também esclareceu que a fábrica está operando conforme estabelecido pelo Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) firmado em 2021 entre a Hindalco e o Governo de Minas, pois além da mudança de titularidade, outras alterações serão agregadas ao novo documento que deverá ser oficialmente publicado em breve. Dentre as novas obrigações, o compromisso de não apenas descomissionar, mas também revegetar a Barragem do Marzagão, propriedade da companhia localizada no bairro Saramenha.
Entrevista com Luiz Carlos Teixeira, presidente da FAMOP:
Victor Stutz, para o Diário de Ouro Preto
Foto: Victor Stutz